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https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/29578
Tipo: | Tese |
Título: | Nós somos gente, nós pode ser mãe: existências e resistências à retirada compulsória de filhas/os pelo Estado |
Autor(es): | Loiola, Gracielle Feitosa de |
Primeiro Orientador: | Yazbek, Maria Carmelita |
Resumo: | Compreender as determinações de permanência (mas também de afastamento) de crianças de suas famílias em contexto de uso de substâncias psicoativas pressupõe um movimento complexo, que evidencia uma trama saturada por mediações históricas, culturais, políticas, econômicas e sociais. Amparado por uma teoria social que considera a historicidade, o movimento contínuo do real e suas contradições, este estudo objetiva acessar as experiências de famílias que conseguiram permanecer com suas/seus filhas/os, buscando descortinar as resistências e insurgências empreendidas tanto por elas quanto pelas/os trabalhadores/as (sobretudo assistentes sociais), bem como identificar as ações de cuidado ofertadas em termos de proteção social e de saúde. A pesquisa volta-se a uma dimensão do cotidiano e da realidade de profissionais e famílias que lutam e resistem à lógica de desigualdade, julgamento, moralismo e preconceitos, em especial nas situações que envolvem o uso de substâncias psicoativas, cuja presença tem sido associada de forma automática à impossibilidade de exercício da maternidade e da paternidade, o que mascara situações de violências, racismo e desproteções muitas vezes invisibilizadas em nome do melhor interesse e proteção da criança. A metodologia é quanti-qualitativa, como forma de aproximação da realidade e dos processos históricos vivenciados e contados pelos/as participantes da pesquisa por meio de: pesquisa documental; observação participante; entrevistas com trabalhadoras/es e famílias, tendo como aporte a metodologia da História Oral; Itinerários de cuidado, proteção e resistência. O estudo evidenciou a face contraditória da judicialização e as características das famílias (em que as mulheres têm centralidade) que podem ter suas/seus filhas/os retiradas/o no fluxo estabelecido entre a maternidade/hospital e o Poder Judiciário: mulheres majoritariamente negras, jovens (com até 35 anos), com Ensino Fundamental incompleto, atravessadas pela inclusão em trabalhos precários, que tem a rua como território de referência ou vivem em condições de moradia incertas e precárias, a quem são negados direitos sociais fundamentais e que vivem em constantes violações e desproteções. Esta tese também possibilitou apreender as vozes dissonantes, os “olhares intrometidos e comprometidos” que atuam para recriar, no tempo presente, práticas de resistência às opressões e à expropriação do direito à maternidade, uma maternidade que tem sido negada, especialmente quando se trata de mulheres negras com trajetórias de rua e/ou uso de psicoativos. As resistências também se apresentam na forma de apreensão da realidade, na escuta, na escrita e no cuidado compartilhado, coletivo e em rede. A pretensão do estudo não é esgotar as reflexões apontadas, mas semear novas indagações sobre o real e sua processualidade, complexidade e totalidade, a fim de que a retirada compulsória de crianças não seja a única solução imposta no caminho de muitas famílias que têm suas vidas judicializadas. Em tempos de desesperança, apostar em resistências é uma forma de continuar resistindo, existindo e lutando por uma sociedade mais protetiva e justa |
Abstract: | Understanding the determinations of permanence (but also of distancing) of children from their families in the context of psychoactive substance use presupposes a complex movement, which shows a plot saturated by historical, cultural, political, economic and social mediations. Supported by a social theory that considers historicity, the continuous movement of the real and its contradictions, this study aims to access the experiences of families that managed to stay with their children, seeking to unveil the resistances and insurgencies undertaken both by them and by workers (especially social workers), as well as identifying the care actions offered in terms of social and health protection. The research turns in to a dimension of daily life and the reality of professionals and families who fight and resist the logic of inequality, judgment, moralism and prejudice, especially in situations involving the use of psychoactive substances, which presence has been associated automatically to the impossibility of exercising motherhood and fatherhood, this masks situations of violence, racism and lack of protection, often made invisible in the name of the best interest and protection of the child. The methodology is quantitative-qualitative, as a way of approaching reality and the historical processes experienced and told by the research participants through: documentary research; participant observation; interviews with workers and families, based on the Oral History methodology; care, protection and resistance itineraries. The study showed the contradictory face of judicialization and the characteristics of families (in which women are central) that can have their children removed in the established flow between the maternity/hospital and the Judiciary System: mostly black women, young (up to 35 years old), with incomplete elementary school, who are faced with inclusion in precarious jobs, who have the street as a reference territory or who live in uncertain and precarious housing conditions, to whom are denied fundamental social rights and who live in constant violations and lack of protection. This thesis also made possible to apprehend the dissonant voices, the “disruptive and committed looks” that act to recreate, in the present time, practices of resistance to oppression and the expropriation of the right to motherhood, a motherhood that has been denied, especially when it comes to black women with street trajectories and/or use of psychoactive drugs. Resistances also appear in the form of apprehension of reality, in listening, in writing and in shared, collective and networked care. The aim of the study is not to exhaust the reflections mentioned, but to sow new questions about reality and its process, complexity and totality, so that the compulsory removal of children is not the only solution imposed on the path of many families who happened to have their lives judicialized. In times of hopelessness, betting on resistance is a way to continue resisting, existing and fighting for a more protective and fair society |
Palavras-chave: | Maternidade Substâncias psicoativas Racismo Judicialização Convivência familiar Motherhood Psychoactive drugs Prejudice Judicialization Family living |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::SERVICO SOCIAL |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editor: | Pontifícia Universidade Católica de São Paulo |
Sigla da Instituição: | PUC-SP |
metadata.dc.publisher.department: | Faculdade de Ciências Sociais |
metadata.dc.publisher.program: | Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social |
Citação: | Loiola, Gracielle Feitosa de. Nós somos gente, nós pode ser mãe: existências e resistências à retirada compulsória de filhas/os pelo Estado. 2022. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2022. |
Tipo de Acesso: | Acesso Aberto |
URI: | https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/29578 |
Data do documento: | 9-Set-2022 |
Aparece nas coleções: | Programa de Pós-Graduação em Serviço Social |
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Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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